Hoje, dia 11 de março, Dia Europeu de Homenagem às Vítimas do Terrorismo, recordamos todas as vítimas que, direta ou indiretamente, foram atingidas pela tragédia do terrorismo. Homenageamos a memória daqueles que perderam a vida e dignificamos o sofrimento dos sobreviventes, cujas cicatrizes resistem à passagem do tempo. À imagem de uma catástrofe natural, um ataque terrorista produz um efeito sísmico, destruindo vidas e famílias, ecoando a sua devastação nas cidades e países, fragilizando os nossos alicerces securitários e democráticos.
Mas as homenagens não se podem esgotar, apenas, em sentidas condolências. A sociedade exige-nos mais e melhor. Precisamos estar alerta para os novos perigos, aprendendo com as experiências passadas e com os desafios de um contexto que presentemente se afigura incerto. Enquanto agentes que se pautam pela defesa de direitos, liberdades e garantias fundamentais, cumpre-nos a nobre e exigente missão de implementar estratégias eficazes de combate e prevenção do terrorismo. A imprevisibilidade das ameaças é o seu maior trunfo, característica que potencia a complexidade dos desafios com que nos deparamos atualmente. O facto de a ameaça terrorista apresentar um cariz cada vez mais difuso, sem um epicentro perfeitamente delimitado e geograficamente localizável, contribui para elevar e aprofundar o estado de alerta, oportunamente antecipado.
Quer se difunda no espaço virtual ou nos limites prisionais, quer resulte da influência dos pares (amigos, família, comunidade) ou dos líderes extremistas religiosos ou políticos, as ameaças que nos aguardam, a curto prazo, assumem uma multiplicidade de “máscaras”, distintas daquelas que nos garantem, hoje em dia, a segurança higiénica exigida: o regresso à Europa de combatentes estrangeiros e das suas famílias retidas e detidas na região sírio-iraquiana; a libertação, definitiva ou condicional, de indivíduos condenados por crimes associados a atividades terroristas; a necessidade de avaliação da eficácia dos programas de desradicalização e de combate contra os extremismos político-religiosos; a possibilidade de ativação de células adormecidas e a maior celeridade na internacionalização das redes de contacto; a maior autonomia dos perpetradores dos ataques terroristas relativamente às estruturas formais das organizações terroristas; e a existência de cidadãos europeus apologistas de doutrinas extremistas violentas, que poderão contribuir para processos de recrutamento e radicalização de outros indivíduos residentes no espaço europeu, bem como, planear e executar ataques (isolados ou coordenados) contra os próprios países onde residem.
O aparente efeito atenuador do contexto pandémico vivido não invalida o crescimento da ameaça terrorista, na penumbra, a coberto das regras impostas a todos os cidadãos. Os sucessivos confinamentos e medidas implementadas pelos Estados remetem os cidadãos para espaços mais privados e solitários, aumentando o grau de exposição no mundo virtual. Este torna-se, por isso, um instrumento potenciador da ameaça, nomeadamente através radicalização de indivíduos isolados do mundo real, mas também daqueles que são psicologicamente mais vulneráveis e impactados pelos efeitos da crise pandémica. A cobertura online das suas atividades torna mais árdua a monitorização e atuação atempada sobre estes indivíduos. Importa, portanto, manter um desempenho vigilante, de coordenação e colaboração contínua, como garante da segurança nacional e da protecção de todos os cidadãos.
A melhor forma de homenagear as vítimas do terrorismo, assim como a vida dos seus familiares, assenta num trabalho preventivo e continuado do Serviço de Informações de Segurança. Continuemos perseverantes com o brio que nos caracteriza, aprendendo com o passado, protegendo as gerações presentes e futuras, e honrando as vidas inocentes perecidas no caminho, mantendo viva a chama da sua lembrança.